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A Síndrome de Guillain-Barré é uma doença rara que causa alteração sensitiva e motora que acomete os neurônios periféricos, que são responsáveis pelo trânsito de informações entre a medula e os membros inferiores e os superiores. A doença possui progressão simétrica, logo o indivíduo vai perdendo a sensibilidade e a movimentação a partir das extremidades em ambos os membros inferiores podendo evoluir para as demais regiões do corpo.
Sintomas da Doença
A Síndrome se manifesta em fases nas primeiras 48 horas indivíduo sente um formigamento e fortes dores musculares nas pernas e nos pés, seguidos das mãos e dos braços. Em até 72h os membros perdem a mobilidade e a sensibilidade.
O sinal mais perceptível é a fraqueza progressiva que ocorre, geralmente, nessa ordem: membros inferiores, braços, tronco, cabeça e pescoço.
A fraqueza nos músculos da região do tronco pode causar problemas na respiração, visto que essa ação depende de um conjunto de músculos. Assim, pode ser necessário a ajuda de aparelhos de suporte respiratório.
É típico dessa doença que os sintomas se manifestem de forma simétrica e que não haja movimentos reflexos nas regiões atingidas.
Em alguns casos, a paralisia pode se restringir aos músculos faciais (paralisia facial com formigamento).
Causas da Síndrome de Guillain-Barré
Essa doença é autoimune, ou seja, o sistema imunológico passa a atacar parte do sistema nervoso. Isso ocorre porque o organismo do indivíduo reage de forma exagerada a uma infecção e consequentemente passa a atacar as células do próprio corpo que ele identifica como semelhante as causadoras da infecção anterior, porém ainda não há explicação científica para esse acontecimento.
Assim, para que a Síndrome se desenvolva é necessária uma infecção prévia, geralmente nas vias respiratórias ou no sistema gastrointestinal, principalmente a Campylobacter jejuni, uma bactéria causadora de gastroenterite. Existem notificações de outros vírus e bactérias que podem causar a doença, como a Zika, a dengue, o sarampo, a Influenza A e a Chikungunya.
Em pessoas portadoras de HIV, com linfoma ou lúpus eritematoso sistêmico a Síndrome de Guillain-Barré pode se desenvolver sem uma infecção prévia.
A infecção prévia, geralmente, ocorre 6 semanas antes do início dos sintomas de Guillain-Barré mas a ausência de uma doença anterior não é considerada um fato que impossibilita o diagnóstico de SGB.
Tratamento da doença
Essa doença, assim como as outras doenças autoimunes, não possui cura. O tratamento busca acelerar o processo de recuperação e dar suporte para evitar maiores complicações. Por conta da rápida progressão e das áreas atingidas, o médico deve ser procurado com urgência logo que identificar os sintomas.
Além dos tratamentos de suporte a vida, existem dois tratamentos modificadores da doença que são igualmente eficazes e não há evidências eu a combinação entre eles tenha efeito potencializador e, por isso, apenas uma é utilizada. Essas opções são a imunoglobulina endovenosa e a plasmaferese. A plasmaférese é um tratamento semelhante à hemodiálise, em que o sangue da pessoa é retirado e o plasma é separado.
A plasmaferese consiste na filtragem do sangue para retirar a contagem de autoanticorpos e de outros fatores responsáveis pela lesão dos nervos.
A imunoglobulina endovenosa possui um mecanismo de ação pouco compreendido, mas é a mais utilizada pela facilidade de administração.
A recuperação após a fase aguda da doença é longa, podendo haver sintomas residuais como dor crônica que pode ser incapacitante (dor neuropática), fraqueza, fadiga e complicações respiratórias e cardiovasculares. Podem ser observados, também, impactos psicológicos. A reabilitação consiste na tentativa de recuperar o máximo da função motora e sensorial com o auxílio de um fisioterapeuta e de um terapeuta ocupacional.
O contato com outras pessoas que sofreram com SGB pode auxiliar o indivíduo a entender sua condição e orientar o processo de recuperação, que as vezes pode ser difícil para alguém que teve uma mudança rápida de estado de saúde e agora precisa conviver com uma doença por toda a vida.
Espero que, através deste artigo, você possa ter aprendido um pouco mais sobre a doença de Síndrome de Guillain-Barré.
Escrito por Daniela Cruz, estudante de medicina da Faculdade de Medicina de Petrópolis.
Fontes:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde.
Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias e Inovação em Saúde.
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Síndrome de Guillain-Barré [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência,
Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias e Inovação em Saúde. –
Brasília : Ministério da Saúde, 2021.
22 p. : il.
WIJDICKS, Eelco FM; KLEIN, Christopher J. Guillain-barre syndrome. In: Mayo clinic proceedings. Elsevier, 2017. p. 467-479.
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